4 de jun. de 2002
Paixão é doença
(Estarei eu sofrendo disso?)
Todo mundo prefere o amor a uma gastrite. Mas, quando nos apaixonamos, os sintomas mexem tanto com o corpo como numa infecção
Ansiedade alta - "O apaixonado pode ficar ansioso, deprimido, perder o sono, a fome, não conseguir estudar", diz a psicóloga Débora Seibel.
Problemas de visão - Fantasiar é um dos sintomas da paixão. Pode surgir a "síndrome da lente cor-de-rosa": o apaixonado enxerga qualidades excepcionais na namorada. Cedo ou tarde, a ficha cai e aquela gatinha fofa vira um corvo grasnento.
Atitudes de risco - O amor provoca a descarga cerebral de um dos mais poderosos neurotransmissores do prazer: a dopamina. Ela dá disposição, aumenta a sensação de prazer e faz a vítima perder a noção do perigo. "Os dopaminados fazem bobagens como deixar de usar camisinha ou fazer mais dívidas do que deveriam", diz o psiquiatra Alexandre Saadeh, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Confusão mental - A dopamina também provoca mudanças de hábitos. Quem detestava dançar passa a encarar a pista a madrugada inteira. Jogar canastra com a avó dela vira a atividade mais divertida do mundo. Até mesmo o paladar sofre alterações. O sujeito até topa comer iguarias como pudim de jiló.
Perda de memória - As medidas da garota, o telefone da tia dela, o endereço eletrônico, a data de nascimento, o CEP da casa em que ela mora... quem ama tem todos esses números na ponta da língua. Mas a idéia fixa apaga outras informações, como as equações de física na prova de vestibular ou os compromissos profissionais.
Sonolência - As longas noites de amor, as conversas telefônicas na madrugada ou o bate-papo na internet cobram seu preço durante o dia. O amante passa o dia bocejando.
Complexo de Édipo - A bióloga Suzana Herculano-Houzel, autora de O Cérebro Nosso de Cada Dia, diz que nosso "DNA afetivo" forma-se até os 10 anos. As características de que gostávamos em nossa mãe, primas e irmãs ficam registradas. Se conhecemos alguém que nos remete a essas memórias, o alarme dispara. Por isso, os homens costumam se apaixonar por mulheres parecidas com a mãe.
Anomalias físicas - Você sabe bem que paixão provoca alterações físicas visíveis. São causadas pela adrenalina, que acelera o batimento cardíaco, fazendo com que o sangue circule mais rapidamente e em maior quantidade. Isso faz com que nas mulheres os seios inflem durante beijos e amassos. Os homens também têm um upgrade no pênis (o tamanho cresce entre 10 e 20%). Humm, pensando bem, esse sintoma não é tão ruim assim.
Quarentena obrigatória - Os efeitos da descarga de dopamina duram de três a seis meses, tempo necessário para a estabilização cerebral. É aí que mora o perigo. Especialistas recomendam que não se realize mudanças dramáticas nessa fase. Grandes decisões, como abandonar o emprego ou mudar-se para o exterior, só depois desse período de quarentena. "A paixão pode causar uma devastação, diz o neuropsicólogo Claúdio Guimarães dos Santos. "Quando termina, o sujeito se pergunta o que está fazendo ali, vendendo água-de-coco na praia."
Remédio natural - Os efeitos colaterais costumam ser mais amenos quando os apaixonados já sabem o que querem da vida. "Se o indivíduo está estruturado, é mais velho, pode se envolver que não vai perder os parâmetros fundamentais", diz o neuropsicólogo. "O problema não é do vínculo, mas de quem se envolve", diz o médico.
Entendeu? Ou nem prestou atenção direito?
Postado por Tuka
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