
Sem me esforçar muito, logo ali no perfil sei seu nome completo (ou quase), o que gosta e abomina, descubro também onde mora, quantos anos tem, o dia do seu aniversário, seu signo e ascendente.
Nos posts fico sabendo de suas músicas preferidas, filmes, de suas opiniões a respeito de vários assuntos, que carro possui, se tem bichos de estimação e filhos, onde costuma ir e o nome do marido ou namorado, ou, se não possui nenhum dos dois, também.
Sem ir muito longe, percebo que posso notar sua mudança de humor apenas na maneira que escreve determinados textos. Me conta em palavras tristes o dia que brigou com o amado, me diz eufórica que aquele é um dia especial, me fala de um amigo que ama, de um lugar em que esteve, da visita que recebeu, de suas lembranças. Me fala de coisas só suas, e eu leio tudo.
Sei em quem votou na última eleição. Sei que na cidade em que mora choveu nos últimos dias. Sei os nomes das pessoas que importam em sua vida. Sei como comemorou o seu aniversário e o ano novo.
Pelos comentários, noto que existem aqueles que a conhecem muito ou quase nada, os que querem agradá-la com palavras bem escritas, os que são eles mesmos, os que querem ser especiais e os que realmente o são.
Vejo aqueles blogs que são escolhidos por você e que merecem estar ali para que todos vejam que você gosta de lê-los. Vou até eles – concordo em achar que alguns são bons, outros não – devem estar por afeto, por carinho. Vejo que você comenta em vários sempre. Leio. Vejo os links dessas pessoas também – você sempre está lá. Aliás você também está em links de blogs em que nem vai, em que desconhece que existem.
Logo em seguida vejo dezenas de fotos, basta clicar no endereço do fotolog que você deixou. Ali vejo seus amigos, parentes, cachorros, casa, quarto, seus objetos, suas roupas. Vejo quase tudo o que eu nem poderia imaginar antes. E agora sei como é seu rosto. O rosto das palavras que leio.
Tem ali também o caminho certo para chegar até seu Orkut, portanto, se existia algo que eu ainda não sabia, agora será fácil. Vejo seus amigos deixando recados, sei das festas que irá ao fim de semana e das que já foi. Nos testemunials percebo se é uma pessoa querida por muitos. Leio os detalhes de quem escreveu que a conheceu na infância. Leio uma declaração de amor, leio alguém dizer “lembra daquele show no dia tal e tal lugar?”, leio coisas que jamais saberia.
Daí serviço completo: te conheço intimamente e você nem sabe. Sei tudo sobre você – tenho pós, mestrado, PHD em você - e nem imagina isso. Sei de coisas que escreveu há tempos e nem lembra. Lembro dos detalhes do seu rosto em uma foto antiga em um post. Sou capaz de te reconhecer na rua e sorrir quando a vir sem que você saiba quem sou eu – mas eu, eu sei absolutamente TUDO de você.
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Fica aí um alerta aos blogueiros que não sabem que tipo de gente vai aparecer pela frente achando que é seu amigo íntimo ou o grande amor de sua vida.
Este texto é só porque nesses quatro anos de blog já vivi muita coisa, já escrevi sobre tanto e deixei que quem lesse soubesse exatamente e apenas o que eu queria que soubesse. E não – não significa que alguém me conheça de verdade.
E obrigada aos que escolhi como pessoas além desta Casa. São muitos.