Alusão: Lembram desse comercial que mostrava crianças tentando algo parecido com uma hipnose para convencer seus pais a comprarem o tal chocolate? Pois me chamem de louca se quiserem, mas acho que existem pessoas que pensam exercer algo parecido sobre os outros. E comparei ao comercial idiota porque nem de longe é algo que mereça crédito - ao contrário da terapia.
Fato: Neste fim de semana estive com meu marido em Curitiba para a festa de aniversário do nosso sobrinho. De cada cinco pessoas que se aproximaram de nós, quatro nos perguntaram quando teríamos filhos. Até aí tudo bem, fui preparada com minha cara “
quer saber por que? vai me ajudar a sustentar?” e segui contente sem responder a ninguém (mas que gente intrometida dos infernos!).
Quando chega uma amiga querida que acabou de parir. Dela eu não teria como escapar. Sua vida neste momento se resume a falar do filho, talco, banho, mamadas, choro, seios inchados, noites mal dormidas e afins. Eu entendo. É um momento único pelo qual está passando (ou pelo menos único até o próximo filho) e ela tem todo direito do mundo de parecer um ser abduzido, pós lobotomizado e alheio a tudo mais que acontece a seu redor.
Mas eis que ela começa com uma tentativa de lavagem cerebral que consistia unicamente em fazer com que eu e o Estevam saíssemos dali direto para copular e procriar.
E James Braid entra em ação: Compre Batom! Tenham filhos! Tenham filhos! Tenham filhos!
Me digam? Por que será que as pessoas acham que unicamente porque já tiveram algum tipo de experiência precisam recomendar ou alertar a todos os outros mortais em um raio de centenas de quilômetros? E por que elas acham que tudo o que disserem não vai (e vai) entrar por um ouvido e sair pelo outro?
Mas que puta que pariu: Há um consenso no mundo que “garante” que certos assuntos não classificam as pessoas na categoria bisbilhoteiros inconvenientes – ou pelo menos é o que muitos pensam. Pois perguntar sobre ter filhos está dentro dela (assim como “quanto terá mais filho?”, “vai casar quando?” “por que você não arruma namorado/a?” – etc...).
Nota mental: E por que raios a pergunta “quanto você ganha?” não é perdoada?
Se eu tiver filhos um dia não será porque ninguém me disse para tê-lo, será por que eu e meu marido decidimos. Isso é realmente muito desagradável. Questionamentos realmente são coisas que me incomodam e pelo simples fato de que nem tudo interessa a todo mundo. Ninguém sabe da nossa realidade, ninguém sabe se temos outras prioridades, ninguém sabe quais são nossas expectativas de vida. Pois então que cuidem de suas vidas, ora.
Ainda dentro do mesmo critério da tentativa de convencimento: tem gente que quer desencorajar pessoas para que não se casem só porque já se ferraram e se divorciaram, outros tentam convencer casais a se casarem, eu poderia fazer parte desta turma! Sair por aí em campanha para que todas as pessoas se casem apenas porque eu adoro estar casada. Seria burrice, não?
Portanto: cada um que faça o que bem entender, e no momento que quiser!
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OBS: Será que realmente ser casada, sem filhos por opção e feliz e algo tão impossível aos olhos do mundo? (Será isso uma tentativa de complô para que finalmente eu tenha barriga, estria e celulite antes dos trinta? Hum-Rum!).
OBS II: Juro que o próximo que me perguntar quando eu pretendo ter filhos ou algo do gênero vai ser mandado a merda.
OBS III: Antes de perguntar algo a uma pessoa, questione-se primeiro se você acha que tem intimidade suficiente para saber o que pretende. Ou ainda questione-se: esta pessoa já quis saber algo assim sobre você? Se a resposta for não, Por favor, fique bem quieto e antes ganhe confiança.