... No dia seguinte ninguém morreuQuando termino de ler um livro me sinto meio aliviada e muitas vezes com saudades. Parece coisa de louco, mas vez em quando, desejaria que ainda não tivesse lido determinado livro só pra ter aquela sensação de êxtase que só a primeira é capaz. Aquela em que nos sentimos tolos diante de algum gênio que transforma coisas complicadas em simples, ou explica as banalidades que jamais conseguiríamos expressar, em palavras muito menos.
É por isso que ontem me senti meio boba quando terminei de ler As Intermitências da Morte, pois esperava muito. (Nota mental: lembrar de falar sobre o dia que encontrei no elevador uma mulher com este livro nas mãos toda metida por estar autografado – a odeio). Saramago é genial e esse título não serei eu a tirar. Só que Intermitências não deu pra engolir. Sinto Saramago, mas você sabe fazer melhor.
Claro que o livro não foi de todo mal. Me diverti com as possibilidades levantadas pelo autor do que seria um país em que a morte não mais matasse ninguém. Ri muito com o desespero da igreja, do governo e das indústrias da morte (funerárias e companhias de seguro) diante do fuá que tudo poderia se transformar com as pessoas vivendo eternamente. Gargalhei com a inveja que os países vizinhos sentiram pela sorte dos imortais. Sem morte não tem reino dos céus, nem medo de ir para o inferno, nem necessidade de seguir regras e não se enterra mais ninguém. O que seria então se ninguém mais morresse? Uma benção ou uma maldição?
Diante desse tema e com o que foi levantado logo no início do livro, fiquei feliz achando que seria mais um para a lista dos meus
Top Ten Puta Livros (sim, tenho várias
categorias), mas me dei mal.
A morte pode ser um assunto romântico até mesmo. Assim como pode ser cômico e também pode ser reflexivo. Mas a “morte” de Saramago não me pareceu nada além de uma sucessão de parágrafos desesperados para o final do livro. Para isso eu assistiria mais contente ao filme do Brad Pitt (Meet Joe Black – Encontro Marcado) que é praticamente sobre o mesmo imbróglio. Só que com a diferença de que de Brad só espero um rostinho bonito, já de Saramago... Mas chega, não colocarei “spoillers” aqui.
Claro que sei que vocês não são de se abalar por uma crítica negativa e me decepcionariam muito se o fizessem. Portanto recomendo que leiam e depois me contem o que acharam. Mas antes, se quiserem ler um livro do autor português que realmente valha a pena cada página, sugiro O Ensaio Sobre a Cegueira.
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E sim, agora odeio um pouco esse português, pois ninguém pode construir uma paixão assim e depois dar uma rasteira em todas as expectativas criadas (Hum... Tá). Mas passa, eu sei.
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Queria encontrar novamente a mulher do elevador e dizer que nem o autógrafo valeria para que eu abrisse o livro novamente - huahuahuahuahua... (Tuka, por que você é assim?).
O livro que estou lendo agora (tá ali no ladinho) já sei que jamais entrará no meu Top Ten Puta Livros. Mas ler umas amenidades de vez em quando é bom, né não?