Casa da Tuka
 

2 de ago. de 2006

Paula e Isabel

De todos os livros que já li na vida, Paula, de Isabel Allende, figura agora entre os meus preferidos. Eu já sabia da existência dessa extraordinária escritora naturalizada chilena, já sabia de seu envolvimento voluntário e involuntário na história política daquele país, já sabia que ela era a autora do livro que originou um dos filmes mais legais de todos os tempos: A Casa dos Espíritos. Sabia, aliás, muito pouco a respeito dessa mulher e nunca a havia lido. Uma pena, mas já diz o ditado que antes tarde do que nunca. E foi assim que agradeço ao fato de antes dos meus trinta anos, ter lido senão o melhor livro de minha vida, um deles.

Paula chegou até mim sem nenhuma cerimônia. Estava ali abandonado no criado mudo do quarto da minha irmã, e então, quando me dei conta já havia lido o suficiente para me apaixonar.

PaulaO livro conta várias histórias. Entre tantas está a de Paula, filha de Isabel, que entrou em coma profundo devido a uma doença confusa chamada porfíria (até mesmo depois de minhas buscas no Google, fui incapaz de compreender precisamente do que se trata a doença). Foram vários meses em que a escritora passou ao lado da filha e, enquanto isso, procurou conforto escrevendo cartas à moça doente que não podia sequer ouvi-la. Ela tinha esperanças de que ainda sua filha pudesse ler todas as palavras escritas durante todos aqueles dias e noites em que clamou por sua melhora: “Paula, escrevo para que quando você acorde não se sinta perdida, filha”. Mas após um ano, em 6 de Dezembro de 1992, Paula morre com apenas 29 anos. E não venham aí do outro lado me dizer que estraguei tudo falando isso, pois em qualquer crítica a respeito do livro é a primeira coisa que é contada.

IsabelÉ um livro delicado. Quase um diário que percorre a Isabel neta, filha, irmã, esposa e mãe. Fala do passado de sua família, dos amores, dos momentos e dos segredos da mulher de então 49 anos de idade. Tudo isso unido à dolorosa batalha na qual se encontrava a escritora diante da possível perda de sua filha. Um livro e uma verdadeira viagem ao interior de si mesma que, conforme afirmou a escritora, serviu de veículo para prolongar a presença da filha junto da mãe, para manter a vida que já a tinha abandonado desde o momento em que deu entrada no hospital, mergulhando no coma profundo.

Embora o livro trate de morte, precisamente da morte de um filho, não é sentimentalóide, mesmo que tivesse total permissão para sê-lo. Há nele também espaços para gargalhadas, reflexões e identificação.

Um livro absolutamente fascinante da vida de alguém que como qualquer um de nós, ama, sofre, chora, perde e recomeça.


OBS I: Isabel viveu no Peru, no Chile, no Líbano, na Bolívia, na Suíça, na Bélgica e na Venezuela e, há 16 anos, mora nos Estados Unidos. Ela faz 64 anos hoje, dia 02 de agosto.

OBS II: Existe outro livro de Isabel que pode ser confundido com esse que escrevi aqui: “Cartas a Paula”. Se trata de uma seleção de correspondências enviadas por leitores do mundo inteiro em apoio ao drama da perda de sua filha. Primeiro leiam Paula.

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Postado por Tuka *
Comments:
Eu confesso que lia mais a Isabel quando tinha uns 13 anos.

Beijos
 
Da história da Isabel tinha visto há muitos anos atrás uma entrevista na Marie Claire (acho que foi esta a revista), além do filme maravilhoso "Casa dos Espíritos". Fica registrada sua dica.
bjos.
 
Boa dica, Tuka. Vou anotar, e já estou ansiosa para ler. Já ouvi falar deste livro, mas nunca o li. Com certeza, não sei o que estou perdendo. Ou melhor, agora sei... rs
Tratarei de lê-lo em breve.

Beijos! :-)
 
Eu adoro o seu jeito de escrever sobre as coisas que gosta e recomenda. Dá uma vontade louca de sair de frente do computador e ir correndo ler um livro que você elogia, assim como assistir a um filme que você diz que é bom.

Parabéns pelo jeito de "falar" que cativa e estranhamente faz como que as pessoas pareçam te conhecer, pelo menos um pouquinho.
 
Com 13 anos eu só queria saber de filosofia, Cristiano. Como pode ver, você teve mais sorte do que eu - rs.

Mil vezes Isabel a Platão, mil vezes.

***

Leia, Terráquea. Você que é tão passional quanto eu, irá amar.

***

Dani, realmente você não sabe o que está perdendo!

***

Ju... Ah, obrigada!
 
Voltando...aondo..ando, eu diria.

Gerúndio ao cubo.

Tá. Quem sou eu pra criticar???
Saudades de tu, TU.
 
O nome do livro eh Paula?
Concordo com a Ju!
bjks
 
Super registrada a sua dica.

Li, há algum tempo atrás, um livro nessa mesma temática: O brilho de sua luz, da Danielle Steel (eu sei...ela é a rainha do estilão "Sabrinha"). Neste livro ela também escreve sobre a morte do filho, Nick; também super jovem.
Chorei do início ao fim do livro.
(Sou um ser bizarro mesmo)
Taí. Vou ler este aí.
 
"Apesar de poucas vezes conseguirmos ficar de acordo, ela é o amor mais longo de minha vida, começou no dia em que foi gerada..." Logo que comecei a ler esse post, corri pra pegar meu livro na estante. Queria saber há quanto tempo havia lido o meu... 10 anos. Exatos dez anos que li Paula. E me emcionei ao ler seu comentário. Esse livro me marcou pra sempre também, Tuka! bj
 
envolvente como sempre amiga...
 
e eu amei tanto o lay que num consegui nem me concentrar no que você falou do livro...
 
Este livro mudou minha vida, de várias formas. Li em 98. E foi através dele que me apaixonei por meu marido. Um dia te conto, se quiser. :-)
 
Cheguei até seu blog por causa desse livro. Estou tão impressionada que fico caçando na internet coisas a respeito dos fatos narrados. O livro é realmente lindo, cheio de emoções e de relatos íntimos e acredito que é por isso que nos toca a alma. A escritora mostra o seu lado frágil, suas limitações, seus medos, se abre sem vergonhas... Dica maravilhosa!
 
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Desde 15 de janeiro de 2002 uma jornalista nonsense escreve desembestada no blog que chama carinhosamente de sua Casa.

Aqui têm besteiras demais, coisas inúteis demais, enfim, tudo o que nem precisava ser dito, muito menos escrito.

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